Cinco anos antes de O Piano, Michael Nyman já me tinha deixado a ouvir em looping ecstasy uma música sua, a qual, aliás, ilustrava um filme plasticamente magnífico, daqueles que deixam um cinéfilo de 17 anos de tal modo maravilhado como se nunca se tivesse feito nada igual, o que, tendo em conta o que chegava às salas portuguesas em 1989, podia muito bem ser verdade.
Teatro musicado com uma câmara simultaneamente alheada e próxima do acontecimento, a coser música e imagem com a intensidade das alarvidades fonéticas e o fervor da culinária servida em panelas viscosas que os salões limpavam à luz branca de uma criança que cantava a sua desgraça nos fumos do fogão e nos molhos que escorriam para o chão.
Não é por nada, mas já me estou a ver a ouvir isto até ir para a cama... Talvez insira a meio a 2ª faixa do CD, Miserere Paraphrase, que confesso que as restantes nunca me encheram as medidas, que o disco tinha dois pregos afiados e três buchas.
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