Tuesday, May 1, 2012

Alphas




Acabei de ver a primeira temporada de Alphas, do canal norte-americano Scyfy, e foi uma agradável surpresa descobrir que a série teve luz verde para uma segunda (estreia em Julho). Sim, confesso, não foi pela temática intrinsecamente original que apreciei as aventuras deste grupo de super-heróis, mas pela forma como os criadores lhe deram vida. Alphas está para os X Men como Os Powell (No Ordinary Family) para o Quarteto Fantástico, mas é mais do que isso. É também uma mistura de Ficheiros Secretos e Heroes. Primeiro, tem uma equipa de cinco super-heróis sob a direcção de um mentor com um doutoramento em neurologia e psicologia (Olá, Professor Xavier). O Dr. Rosen chama o grupo de Alfas (Tropa Alpha?), porque cada um deles se destaca, devido a uma anomalia genética, por ter habilidades que os restantes seres humanos não dominam.



Ora bem, o Dr. Rosen formou o grupo de estudo, mas como a sua pesquisa é financiada pelo Governo, nada mais óbvio, para quem paga, do que abusar da equipa para fins concretos. É com contrariedade que o Dr. Rosen acede às exigências dos seus empregadores e eles aprendem a investigar e a caçar outros alfas que constituam um perigo para si próprios e para os demais.



É aqui que os encontramos, a investigarem casos de polícia que podem ter envolvimento de outros super-humanos. Mas, a série não é só essa mistura de CSI com Heroes. O maior ponto de interesse está reservado à parte dramática, à análise das diversas individualidades presentes. Cada um deles tem uma percepção diferente dos seus poderes e do que fazer com eles, mas especialmente porque se sentem desconfortáveis com a sua utilização, derivado de dissabores passados. Para além disso, não são assim tão poderosos como isso, precisam uns dos outros para completarem as missões com sucesso.



Quem são eles? O Dr. Rosen (David Strathairn) não é um alfa, apenas os ajuda a integrarem-se e a retirarem o melhor partido das suas capacidades. Os outros, ligeiramente especiais, são: o homem forte, mas que só fica forte durante alguns minutos, a mulher de voz persuasiva, mas cujas ordens só são obedecidas durante um breve trecho, o atirador com mira excepcional, mas que falha quando se desconcentra, o autista que interpreta ondas eletromagnéticas de equipamentos electrónicos (câmaras de segurança, televisão, telemóveis) e a sinesteta, cujos sentidos são muito apurados (ela é o laboratório forense ambulante).



Todos têm falhas que fazem deles especiais. Rachel (Azita Ghanizada), a sinesteta, é introvertida e não sabe impor-se, mas vai marcando o terreno de episódio para episódio; a actriz afegã dá encanto à timidez. Por outro lado, Nina (Laura Mennell), a persuasiva, tem o porte e a atitude de uma manequim, soando superficial e convencida, mas a sua rigidez é, afinal, apenas a forma de manter à margem a insegurança; vai ganhar terreno a Rachel ao longo da série. Os homens revelam menos os sentimentos, mas Bill (Malick Yoba), o forte, não está satisfeito com a sua posição, porque foi suspenso do FBI por ter agredido um colega (e sente que está a fazer babysitting a uma equipa inexperiente), Hicks (Warren Christie) teve problemas familiares e financeiros que o levaram ao alcoól e tem dificuldades em enquadrar-se na equipa (uma química com Nina vai aproximá-los) e Gary, o autista, não é um Rain Man, mas tem síndrome de Asperger, ou seja, fraca interacção social e em processar emoções, além de necessitar de rotinas para se sentir à-vontade. Isso também vai mudar.



A série podia perfeitamente ter sobrevivido neste registo, mas decidiu activar um arco sobre humanos contra alfas (mais uma pitada de X Men) e criou a Bandeira Vermelha (Red Flag), uma célula terrorista de alfas cujos planos são incertos, mas as atitudes envolvem homicídios e explosões. No final da temporada, fica a conhecer-se o seu líder, o Magneto da série.Estes não são os únicos personagens fixos. Há, primeiro, um odioso agente de ligação do FBI que é morto pelo terceiro episódio, substituído pela mais compreensiva e permanente agente Sullivan (Valerie Cruz) e também o chefe de segurança de uma instituição onde são confinados os alfas perigosos, o odioso Clay (Mahershala Ali).



 Espero que Alphas não caia como Ícaro. Pelo menos, vai ter uma merecida segunda temporada. Que a aproveite.




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