Tuesday, September 27, 2011

Lights Out

Rocky para o século XIX. Punhos de aço, vontade de ferro e a conta bancária vazia. Assim é Lights Leary, pugilista que não vê o ringue há cinco anos, ocasião em que perdeu o título num combate que continua a suscitar dúvidas por parte dos comentadores e público. Agora, à beira da falência, contempla a possibilidade de regressar. Não é o único que espera ganhar dinheiro com isso.
Série do canal norte-americano FX, de 2011. Um drama ambicioso e de forte realismo, que transcende os clichés do género, suportado por uma complexa relação familiar, pequenas passagens pelo submundo das influências e pelas muitas dificuldades que, a nível físico e psicológico, o protagonista tem de defrontar. A pior das quais será acelerar a doença de Alzheimer, na vertente pugilist dementia, provocada por um número excessivo de socos na cabeça.
Criada por Justin Zackham, a série conta com um fantástico Holt McCallany no papel principal, Catherine McCormick como a esposa, Stacy Keach como pai e treinador e Pablo Schreiber, irmão e empresário.
As más audiências obrigaram ao cancelamento da série, deixando diversos subenredos por desenvolver, mas Warren Leight e a sua equipa de argumentistas nunca desiludem. O final do 13º e último episódio é fulminante.

Franklin & Bash

Série de advogados norte-americana do canal TNT, Franklin & Bash resulta, de imediato, pela química entre os dois protagonistas e pela leveza e boa disposição dos casos levados a tribunal. Breckin Meyer e Mark-Paul Gosselaar.
Criada por Kevin Falls e Bill Chais, a série segue o quotidiano profissional de uma dupla de advogados desleixados que aceita trabalhar numa firma de advogados de alto gabarito, desde que possam continuar a utilizar as mesmas tácticas subversivas de escritório independente. São atrevidos, bem humorados e a sua casa é uma festa constante, mas quando têm de combater por um cliente, são os primeiros a saltar para as trincheiras.
Têm dois assistentes, um advogado indiano que é agorafóbico e uma bela ex-condenada, e um patrão que lhes dá trela, mas sabe quando puxá-la, interpretado por Malcom McDowell, que é ao mesmo tempo bom e mau desde que mordeu uma laranja mecânica.
No décimo episódio, que fechou a primeira temporada, dois convidados de peso: a fabulosa Tricia Helfer (que também abrilhantou um episódio da terceira temporada de Lie To Me), com uma cena em lingerie, e Danny Trejo, que se reconhece logo pela voz, mas só mostra o rosto na última cena (entretanto, usa uma máscara de wrestler sul-americano). No primeiro episódio, dois dos actores fixos da nova série Teen Wolf (a mãe do Scott e o xerife), da MTV, como arguida e testemunha: ela é uma dominatrix e ele um masoquista.

Thursday, September 15, 2011

Citação: The Setup


Hitman with a gun shows up at crook's house before he disappears:
- Hello, Vince.
- Who the fuck are you?
- That's not the topic...





Monday, September 12, 2011

4 D


Hollywood agora ataca com o 4D, chamado Aromascope ou Smell-O-Vision. Se o herói for gaseado, o mais provável é que a audiência perca o resto do filme...

E não tire os sapatos no cinema, senão vai baralhar as sensações...

Saturday, September 10, 2011

This is not My Life


Série neozelandesa de 2010, cujo título diz tudo. Só com uma temporada, o que também diz muito. Dos criadores de Go Girls e Outrageous Fortune, com Charles Mesure (que rumou aos EUA para participar na versão de V de 2010), Thandi Wright e Miriama McDowell. Alec Ross acorda um dia sem memória e descobre que a realidade que querem impor-lhe é uma farsa. A partir daí, decide investigar os segredos destinos de Waimoana, a localidade à superfície idílica onde habita, uma espécie de Wisteria Lane menos centrada nas suas donas de casa, ainda que tenha duas mais ou menos desesperadas.
A história começa enigmática e interessante q.b., mas avança a passo de caracol e efectua muitos círculos para não se adiantar. O desgaste é rápido e acentuado, com as revelações a serem cada vez mais insatisfatórias até um final que não esclarece todos os pontos e termina em suspenso.
Nem toda a gente foi feita para o ideal suburbano e Alec Ross é um caso flagrante. Após acordar amnésico, recusa-se a acreditar ser quem quem lhe dizem que é. Nada parece fazer sentido e o facto de ser virtualmente impossível deixar a cidade ainda o deixa mais determinado. Infelizmente, os criadores da série (Rachel Lang e Gavin Strawhan) foram escrevendo enquanto filmam e há elementos que são abordados e abandonados, provavelmente até esquecidos. Alec Ross é facilmente individualizado como uma personalidade perturbada e capaz de provocar ondas. Contudo, é-lhe dada uma rédea excepcionalmente longa, sem a menor justificação, já que todos os outros personagens que se revelam erráticos são imediatamente corrigidos ou substituídos. A história passa-se em 2020, portanto a electrónica é mais bonita, capaz e evoluída, com o controlo mental por ondas sónicas a ser indicado para manter a ordem social. Todos os veículos são iguais e conduzidos por computador (são Smart, da alemã Daimler), os monitores dos computadores são translúcidos quando desligados e os telemóveis são finos com cartões de crédito.
Há segredos, intrigas e conspirações para manter o público distraído, mas nada de muito interessante se vai desenvolvendo. Ficam algumas curiosidades, como Alec ter sexo com a mulher que se diz sua esposa e com outra que se torna sua parceira no crime, sem que sinta que há realmente conflito ou ilegitimidade nisso, já que a primeira não é verdadeiramente sua esposa. Nem toda a gente concordará com esta visão desculpabilizante. This Is Not My Life não só é pouco original, como parece um decalque de O Prisioneiro (série de 1967 refeita em 2009 com Jim Caviezel no papel de Número 6).
A série teve uma única temporada de 13 episódios (2010), mas foi comprada pela americana ABC, para remake com sotaque mais ocidental. Ainda por concretizar.

Tuesday, September 6, 2011

Femme Fatales Para Esquecer

Em 1992, duas revistas de cinema foram lançadas por Frederick S. Clarke, Cinefantastique dedicada à ficção científica e ao terror e Femme Fatales dedicada a actrizes, desde scream queens da velha guarda a vencedoras de Óscares, com extensas entrevistas e reportagens de carreira. As duas publicações passaram para as mãos da viúva de Clarke em 2000 e em 2002 esta pediu ajuda ao director da Mediafire Entertainment, Mark A. Altman, que pôs David E. Williams a dirigi-la como uma espécie de Maxim para actrizes de ficção científica e terror. Em 2008, Cinefantastique foi vendida e Femmes Fatales descontinuada. O título foi comprado em 2010 por Williams que, a par da intenção de relançá-lo nas bancas, decidiu usá-lo para uma série televisiva a produzir pela Cinemax, que pertence à HBO, que pertence à Time Warner.
A série foi criada por Mark A. Altman e Steven Kriozere, com David E. Williams como produtor executivo e é um cruzamento entre o film noir e o feather porn. Esta antologia conta com 13 episódios e promete uma segunda temporada, mas é de interrogar qual o público que é capaz de engolir a primeira, quanto mais uma segunda.
Tudo é pindérico em Femme Fatales, a começar pelas histórias, que chafurdam nos clichés e ainda são capazes de fazer pior, às representações de actrizes que nem sequer merecem ser figurantes, bem proporcionadas em corpo e burrice. Há nudez para todos os gostos, mas não há erotismo, é puro exploitation bacoco, vazio, reles. Episódios antológicos de meia-hora, narrados por Tanit Phoenix, que faz as vezes de anfitriã, uma espécie de Alfred Hitchcock com mais sex appeal, mas cujas roupagens de femme fatale de serviço lhe fazem mais desprimor do que favor. Modelo sul africana, Phoenix quase foi a nova Wonder Woman (na série frustrada de 2011), já foi capa de diversas Cosmopolitan, Maxim, FHM, aparecendo no interior da Sports Ilustrated, Marie Claire, GQ e Shape, e anúncios televisivos da Nívea, Veet e outros.
Femme Fatales é Zalman King de baixo nível, sem um único ponto a seu favor. Uma imbecilidade de ponta a ponta, onde a sensualidade dos corpos esbarra na maçudez dos textos e no embaraço e incompetência dos realizadores. No primeiro episódio passa-se numa prisão de mulheres onde a suposta femme fatale consegue tudo o que quer durante 25 minutos e depois dá um tiro no pé tão óbvio quanto ilógico, com um daqueles twists que tem de martelar-se muito para que a peça do puzzle encaixe. O segundo é sobre uma enfermeira que não sabe impor-se mas no final se transforma em anjo da morte e o terceiro sobre duas amantes que planeiam a morte do marido de uma delas. Quem quiser arriscar nos outros tem mais tempo para desperdiçar do que eu.