Em 1992, duas revistas de cinema foram lançadas por Frederick S. Clarke, Cinefantastique dedicada à ficção científica e ao terror e Femme Fatales dedicada a actrizes, desde scream queens da velha guarda a vencedoras de Óscares, com extensas entrevistas e reportagens de carreira. As duas publicações passaram para as mãos da viúva de Clarke em 2000 e em 2002 esta pediu ajuda ao director da Mediafire Entertainment, Mark A. Altman, que pôs David E. Williams a dirigi-la como uma espécie de Maxim para actrizes de ficção científica e terror. Em 2008, Cinefantastique foi vendida e Femmes Fatales descontinuada. O título foi comprado em 2010 por Williams que, a par da intenção de relançá-lo nas bancas, decidiu usá-lo para uma série televisiva a produzir pela Cinemax, que pertence à HBO, que pertence à Time Warner.
A série foi criada por Mark A. Altman e Steven Kriozere, com David E. Williams como produtor executivo e é um cruzamento entre o film noir e o feather porn. Esta antologia conta com 13 episódios e promete uma segunda temporada, mas é de interrogar qual o público que é capaz de engolir a primeira, quanto mais uma segunda.
Tudo é pindérico em Femme Fatales, a começar pelas histórias, que chafurdam nos clichés e ainda são capazes de fazer pior, às representações de actrizes que nem sequer merecem ser figurantes, bem proporcionadas em corpo e burrice. Há nudez para todos os gostos, mas não há erotismo, é puro exploitation bacoco, vazio, reles. Episódios antológicos de meia-hora, narrados por Tanit Phoenix, que faz as vezes de anfitriã, uma espécie de Alfred Hitchcock com mais sex appeal, mas cujas roupagens de femme fatale de serviço lhe fazem mais desprimor do que favor. Modelo sul africana, Phoenix quase foi a nova Wonder Woman (na série frustrada de 2011), já foi capa de diversas Cosmopolitan, Maxim, FHM, aparecendo no interior da Sports Ilustrated, Marie Claire, GQ e Shape, e anúncios televisivos da Nívea, Veet e outros.
Femme Fatales é Zalman King de baixo nível, sem um único ponto a seu favor. Uma imbecilidade de ponta a ponta, onde a sensualidade dos corpos esbarra na maçudez dos textos e no embaraço e incompetência dos realizadores. No primeiro episódio passa-se numa prisão de mulheres onde a suposta femme fatale consegue tudo o que quer durante 25 minutos e depois dá um tiro no pé tão óbvio quanto ilógico, com um daqueles twists que tem de martelar-se muito para que a peça do puzzle encaixe. O segundo é sobre uma enfermeira que não sabe impor-se mas no final se transforma em anjo da morte e o terceiro sobre duas amantes que planeiam a morte do marido de uma delas. Quem quiser arriscar nos outros tem mais tempo para desperdiçar do que eu.